Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    O divino

    Nobre seja o homem, Caridoso e bom! Pois isso apenas É que o distingue De todos os seres Que conhecemos. Glória aos incógnitos Mais altos seres Que pressentimos! Que o homem se lhes iguale! Seu exemplo nos ensine A crer naqueles!  Pois insensível É a natureza: O sol ’spalha luz Sobre maus e bons, E […]

    POR: Goethe

    2 min de leitura

    Nobre seja o homem,
    Caridoso e bom!
    Pois isso apenas
    É que o distingue
    De todos os seres
    Que conhecemos.

    Glória aos incógnitos
    Mais altos seres
    Que pressentimos!
    Que o homem se lhes iguale!
    Seu exemplo nos ensine
    A crer naqueles! 

    Pois insensível
    É a natureza:
    O sol ’spalha luz
    Sobre maus e bons,
    E ao criminoso
    Brilham como ao santo
    A lua e as ’strelas.

    Vento e torrentes,
    Trovão e saraiva
    Rugem seu caminho
    E agarram,
    Velozes passando,
    Um após outro.

    Tal a sorte às cegas
    Lança mãos à turba
    E agarra os cabelos
    Do menino inocente
    Ou a fronte calva
    Do velho culpado.

    Por eternas leis,
    Grandes e de bronze,
    Temos todos nós
    De fechar os círculos
    Da nossa existência.

    Mas somente o homem
    Pode o impossível:
    Só ele distingue,
    Escolhe e julga;
    E pode ao instante
    Dar duração.

    Só ele é que pode
    Premiar o bom,
    Castigar o mau,
    Curar e salvar,
    Unir com proveito
    Tudo o que erra e divaga.

    E nós veneramos
    Os Imortais
    Como se homens fossem,
    Em grande fizessem
    O que em pequeno o melhor de nós
    Faz ou deseja.

    Que o homem nobre
    Seja caridoso e bom!
    Incansável crie
    O útil, o justo,
    E nos seja exemplo
    Dos Seres pressentidos.

     

    (Trad. de Paulo Quintela)
    Das Göttliche, 1783

    Goethe: poesias escolhidas
    Apresentação: Samuel Pfromm Netto
    Editora Átomo: Edições PNA, 2002