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    Comunicação

    Olinda

    Do alto do mosteiro, um frade a vê De limpeza e claridade é a paisagem defronte. Tão limpa que se dissolve a linha do horizonte. As paisagens muito claras não são paisagens, são lentes. São íris, sol, aguaverde ou claridade somente. Olinda é só para os olhos, não se apalpa, é só desejo. Ninguém diz: […]

    POR: Carlos Pena Filho

    2 min de leitura

    Do alto do mosteiro, um frade a vê

    De limpeza e claridade
    é a paisagem defronte.
    Tão limpa que se dissolve
    a linha do horizonte.

    As paisagens muito claras
    não são paisagens, são lentes.
    São íris, sol, aguaverde
    ou claridade somente.

    Olinda é só para os olhos,
    não se apalpa, é só desejo.
    Ninguém diz: é lá que eu moro.
    Diz somente: é lá que eu vejo.

    Tem verdágua e não se sabe,
    a não ser quando se sai.
    Não porque antes se visse,
    mas porque não se vê mais.

    As claras paisagens dormem
    no olhar, quando em existência.
    Diluídas, evaporadas,
    Só se reúnem na ausência.

    Limpeza tal só imagino
    que possa haver nas vivendas
    das aves, nas áreas altas,
    muito além do além das lendas.

    Os acidentes, na luz,
    não são, existem por ela.
    Não há nem pontos ao menos,
    nem há mar, nem céu, nem velas.

    Quando a luz é muito intensa
    é quando mais frágil é:
    planície, que de tão plana
    parecesse em pé.

     

    Carlos Pena Filho
    Livro Geral – Poemas
    Organização e seleção de textos: Tania Carneiro Leão
    3ª Edição