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    Comunicação

    As meninas do shopping

    Em bandos, aprontadinhas em modelitos ousados, elas chegam dos subúrbios: são as meninas do povo com  sua alma brejeira e o desejo sem esperança de serem sempre modernas. Tudo elas vendem com gentileza, mesmo não sendo alegres nem tristes por inteiro. Sem alarido, elas chegam levando nas mãos a bóia fria, e a muda de […]

    POR: Brasigois Felicio

    2 min de leitura

    Em bandos, aprontadinhas
    em modelitos ousados,
    elas chegam dos subúrbios:
    são as meninas do povo
    com  sua alma brejeira
    e o desejo sem esperança
    de serem sempre modernas.

    Tudo elas vendem
    com gentileza,
    mesmo não sendo alegres
    nem tristes por inteiro.

    Sem alarido, elas chegam
    levando nas mãos
    a bóia fria, e a muda de roupa:
    têm que ter massa de sustento
    para agüentar a jornada
    de não saberem o que é assento
    até que chegue o instante
    de desabarem, na cama,
    vencidas pelo cansaço.

    Assim é a saga
    das abelhas operárias
    dos palácios do consumo:
    benza Deus que tenham emprego,
    mesmo sendo mofino
    o momento monetário
    de seu ganhame magro.

    Tarde da noite,
    quando a vertigem termina,
    lá vão as meninas
    aos lugares onde
    se escondem e sonham

    Tudo elas vendem com alegria
    e são de eterna gentileza

    Seu sonho é suburbano:
    não serem apenas insumo
    nos palácios do consumo.

    Dia virá, em que
    serão clientes
    das lojas em que
    têm de estar
    sempre às ordens
    com um sorriso
    profissional
    nos lábios da
    necessidade!

     Brasigóis Felício, é goiano, nasceu em 1950. Poeta, contista, romancista, crítico literário e crítico de arte. Tem 36 livros publicados entre obras de poesia, contos, romances, crônicas e críticas literárias.