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    Comunicação

    TROCADERO, 1955

    TROCADERO, 1955   Enquanto eu te esperava, enquanto se desfazia a espuma no copo de cerveja, eu ia escrevendo palavras sem sentido e nenhum nexo numa folha de papel que, como a recortar um lagarto cujos pedaços continuassem teimosamente vivos, rasguei em pedacinhos, cada um deles com uma letra e cada sequencia de letras, como […]

    POR: Redação

    1 min de leitura

    TROCADERO, 1955

     

    Enquanto eu te esperava, enquanto se desfazia
    a espuma no copo de cerveja, eu ia escrevendo
    palavras sem sentido e nenhum nexo numa folha
    de papel que, como a recortar um lagarto
    cujos pedaços continuassem teimosamente vivos,
    rasguei em pedacinhos, cada um deles
    com uma letra e cada sequencia de letras,
    como se num sonho ou num poema dadaísta,
    dando um sentido ao que dentro e fora
    de mim se passava e se resumia num grito mudo
    de quem se despede e sabe que está se despedindo
    para sempre, e sabe também que numa despedida
    pedaços de nós como que amputados se destacam
    e vão ficando teimosamente vivos pelo caminho.

     

    Afonso Felix de Sousa


    Nova Antologia Poética

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