á mais de 45 anos, no II Congresso do POSDR foi pronunciada, pela primeira vez a palavra bolchevique, palavra esta hoje conhecida por todo mundo e perante a qual ninguém pode se sentir indiferente. Os exploradores de todo o mundo sentem um ódio zoológico ao bolchevismo. Milhares de operários de todos os países sentem por ele um profundo amor. Eis porque, desde que surgiu, o bolchevismo encabeça infalivelmente a luta de libertação do proletariado conquistando grandes vitórias sobre as fôrças do velho mundo.

Durante a sua existência o Partido Bolchevique acumulou uma imensa experiência de luta, experiência esta que nenhum partido do mundo possuiu nem possui. Esta experiência encontrou a mais clara e profunda sintetização na obra de Stálin “História do PC (b) da URSS”.

A “História do PC (b) da URSS” é a história cientifica do bolchevismo. Expõe a doutrina do marxismo-leninismo à base de uma profunda análise da atividade história do Partido Bolchevique. A “História do PC (b) da URSS” demonstra como a teoria do marxismo-leninismo comprovada pela prática, pela experiência do bolchevismo e de toda a luta revolucionária do proletariado, serviu de base para o desenvolvimento posterior da teoria marxista-leninista. A “História do PC (b) da URSS” arma os quadros do Partido com uma experiência riquíssima de luta pela derrubada do capitalismo e a construção da primeira sociedade socialista no mundo. O estudo dessa experiência não é apenas importantíssimo para o nosso Partido e para o nosso povo, mas o é também para os comunistas e os trabalhadores de tocos os países, que lutam pela vitória do comunismo.

                                  O Modelo de um Partido Verdadeiramente Marxista

O Partido Bolchevique nasceu na Rússia e se desenvolveu na base do movimento operário russo. Entretanto, possui raízes profundas no movimento operário de todos os países. O bolchevismo exprime as necessidades do movimento operário na nova época da história universal, quando as contradições do capitalismo alcançaram sua fase mais aguda, quando teve início o assalto direto ao capitalismo e se coloca a questão de criar um partido revolucionário do proletariado capaz de dirigir esse assalto.

Na “História do PC (b) da URSS” diz-se:

“A História Partido Bolchevique nos ensina, principalmente, que o triunfo do ditadura do proletariado é impossível sem um partido revolucionario do proletariado, livre do oportunismo, intransigente frente à burguesia e seu Estado.”(1).
Os partidos social-democratas do ocidente, os partidos da II Internacional não desejavam e não podiam organizar a vitória da revolução proletária, pois não eram partidos combativos ao proletariado, que levassem os operários ao Poder, mas sim, um aparelho eleitoral adaptado para as eleições parlamentares e para a luta parlamentar. Permanecer nesses partidos significava condenar o proletariado a uma derrota inevitável:

“Daí a necessidade de um novo partido, partido combativo, partido revolucionário, bastante audaz para conduzir os proletários à luta pelo Poder, bastante experiente para orientar-se nas condições complexas da situação revolucionária e bastante flexível para contornar todos e cada um dos obstáculos que se interpõem no caminho até o final”.(2).
Os inimigos da classe operária — os “economistas”, os mencheviques, os trotskistas e demais comparsas — tinham como modelo, os Partidos da II Internacional, utilizavam as armas tomadas do arsenal dos social-democratas do Ocidente da Europa. Os mencheviques

“queriam ter na Rússia um partido como, por exemplo, o Partido social-democrata alemão ou francês. E lutavam contra os bolcheviques, precisamente porque pressentiam neles algo de novo, extraordinário, diferente da social-democracia ocidental”.(3)
Lênin e Stálin travaram uma luta decisiva contra os oportunistas de todas as cores e tipos, contra os oportunistas russos e internacionais.

“Os bolcheviques não podiam deixar de observar que, depois da morte de Engels, os partidos social-democratas da Europa Ocidental começaram a degenerar, passando de partidos da revolução social a partidos da “reforma social”, e que todos eles já se haviam convertido, como organizações, de fôrças dirigentes, em simples apêndices de seus próprios grupos parlamentares”.(4)
Os bolcheviques sabiam que um partido dessa espécie não tinha capacidade para levar a classe operária à revolução. Criaram então um partido de novo tipo, que se diferenciava radicalmente dos partidos da II Internacional, dos partidos socialistas do Ocidente da Europa.

Os bolcheviques criaram um verdadeiro partido marxista, intransigente ante os oportunistas e capitulacionistas e revolucionário ante a burguesia, o Partido da revolução social, o Partido da ditadura do proletariado. Toda a história da luta contra os “economistas”, os mencheviques, os trotskistas e os liquidacionistas, foi a história da criação e do fortalecimento desses Partido, que preparou o proletariado para as batalhas decisivas contra o tzarismo e a burguesia. Este Partido mostrou ser o bastante audaz, experiente e flexível para levar o proletariado à luta pelo Poder, para se orientar nas complexas condições da situação revolucionária e contornar todos e cada um dos obstáculos no caminho para seu objetivo. Este Partido organizou a vitória da revolução proletária, a vitória do socialismo em nosso país.

Vladimir Ilitch Lênin, assinalava que o Partido Bolchevique surgiu à base firme da teoria do marxismo e teve uma história prática, que não tem igual, pela riqueza de sua experiência, em todo o mundo. Em um prazo muito curto, concentrou-se, na Rússia, uma variedade excepcional de formas e métodos de luta de todas as classes da sociedade contemporânea. Dando o balanço nos primeiros quinze anos de existência do Partido Bolchevique (1903-1917), escreveu Lênin:

“… nenhum país, no transcurso desses 15 anos, nem aproximadamente passou por uma experiência revolucionária tão rica, por uma rapidez e variedade tais, de sucessão das diferentes formas do movimento, legal e ilegal, pacífico ou agitado, clandestino e aberto, de propaganda nos círculos e de propaganda entre as massas, parlamentar e terrorista”.(5)
Como assinala o camarada Stálin, os bolcheviques colocavam em primeiro plano, tanto as questões básicas da revolução, como a questão do Partido, e da atitude dos marxistas para com a revolução democrático-burguesa a da aliança da classe operária com o campesinato, a da hegemonia do proletariado, a da luta parlamentar e extraparlamentar, a da greve geral, a da transformação da revolução democrático-burguesa em socialista, a da ditadura do proletariado, a do imperialismo, a da autodeterminação das nações, a do movimento de libertação nacional e colonial, a da política de apoio a este movimento, etc. Todas essas questões centrais da revolução russa eram, ao mesmo tempo, as questões centrais da revolução mundial.

A Rússia foi o ponto central das contradições do imperialismo universal. Por este motivo a revolução russa teve uma enorme importância internacional. Lênin assinalou que a revolução russa não tinha apenas uma enorme importância internacional no sentido amplo dessa palavra, no sentido de sua influência em todos os países do mundo, mas também em um sentido mais estreito, no sentido inevitabilidade histórica da repetição, em escala internacional, do que ocorreu em nosso país. Lênin observava que

“o exemplo russo ensina alguma coisa a todos os países, e alguma coisa bastante substancial, acerca de seu futuro próximo e inevitável. Os operários avançados, em todos os países, já compreenderam, isso, há algum tempo, e na maioria dos casos, não apenas o compreenderam, como também o perceberam e o sentiram, com seu instinto revolucionário de classe. Daí a “significação” internacional (no sentido estricto da palavra) do Poder Soviético, e também dos princípios da teoria e da tática bolcheviques.
Isto não foi compreendido pelos chefes “revolucionários” da II Internacional, como Kautski na Alemanha, Otto Bauer e Frederick Adler na Áustria, que por este motivo, se tornaram reacionários, defensores do pior oportunismo e da social-traição”.(6)
Ao definir o leninismo como o marxismo da época do imperialismo e das revoluções proletárias, o camarada Stálin desmascarou o caráter nacionalmente limitado da definição de leninismo que deram Zinóviev e outros inimigos do povo. O camarada Stálin acentua que o leninismo não foi elaborado apenas sobre o terreno da Rússia e para a Rússia: nasceu sobre o terreno do imperialismo e é válido para todos os países.

“Por acaso o leninismo — diz o camarada Stálin — não é a síntese da experiência do movimento revolucionário de todos os países? Por acaso os fundamentos da teoria e da tática do leninismo não tem valor e não são obrigatórios para os partidos proletários de todos os países? Por acaso Lênin não tinha razão quando dizia que “o bolchevismo pode servir de modelo de tática para todos?” Por acaso Lênin não tinha razão quando falava do significado internacional do Poder Soviético e dos fundamentos da teoria e da tática bolchevique?”(7)
O Partido Bolchevique foi o primeiro partido de novo tipo no mundo, o partido revolucionário do proletariado. Por isso devia ser e é o modelo para os Partidos Comunistas de todos os outros países.

Há 30 anos, sob a influência da vitória da Grande Revolução Socialista de Outubro, nos demais países também começaram a surgir Partidos Comunistas. Na Europa teve lugar, nesse mesmo período, um grande ascenso revolucionário; os Partidos Comunistas surgiram na onda desses ascenso. Mas esses partidos eram então jovens e pouco maduros, se haviam formado em consequência da cisão dos partidos social-democráticos e em suas fileiras figuravam grupos pertencentes anteriormente a II Internacional. Os Partidos Comunistas não podiam se despojar, de golpe, dos resquícios social-democratas. Não sabiam utilizar a riquíssima experiência do Partido de novo tipo, do Partido dos bolcheviques. Nisso consistia a debilidade dos jovens Partidos Comunistas do Ocidente.

Superar os vestígios social-democratas dos Partidos Comunistas e fazer deles verdadeiros partidos revolucionários de novo tipo, esta foi a tarefa mais importante do movimento comunista internacional. Era necessário utilizar o período, que já se iniciara, de calma revolucionária, para fortalecer os Partidos Comunistas, para convertê-los em verdadeiros partidos de massas, capazes de preparar as massas Para um novo ascenso revolucionário.

“… A tarefa imediata — dizia o camarada Stálin em 1924 — consiste em fazer dos Partidos Comunistas do Ocidente, partidos verdadeiramente bolcheviques, em forjar verdadeiros quadros revolucionários, capazes de transformar toda a prática do Partido no espírito da educação revolucionária das massas, no espírito da preparação para a revolução”.(8)
A bolchevização dos Partidos Comunistas significava que se devia reorganizar seu trabalho na base da experiência de nosso Partido Bolchevique, da experiência revolucionária da Rússia e de outros países da Europa. Tratava-se de fazer de todos esses partidos, partidos verdadeiramente comunistas, bolcheviques.

Durante muitos anos desenvolveu-se o processo de bolchevização dos Partidos Comunistas. Este processo era dirigido por Lênin e Stálin, era dirigido pela Internacional Comunista. As intervenções de Lênin e Stálin nos Congressos do Komintern, nas reuniões do Comitê Executivo e nas comissões do Komintern, tiveram grande importância para a bolchevização dos Partidos Comunistas do Ocidente. As indicações de Lênin e Stálin se baseavam na riquíssima experiência de nosso Partido e, ao mesmo tempo, tomavam em consideração as particularidades concretas de cada país. Os discursos do camarada Stálin nas comissões dedicadas ao problema iugoslavo, chinês, tcheco-eslovaco, polonês e outros são um testemunho eloquente do que afirmamos acima.

A tarefa consistia em conquistar a vitória decisiva do leninismo sobre os dogmas da II Internacional, em superar os vestígios e as tradições do social-democratismo em todos os problemas da teoria e da prática do movimento operário; em sustentar uma luta infatigável contra todas as manifestações do oportunismo. A tarefa consistia em fazer dos Partidos Comunistas partidos operários de massas,! em fortalecer sua influência nos sindicatos, em ganhar aliados para o proletariado, antes de tudo os camponeses. A tarefa consistia em fortalecer as fileiras dos Partidos Comunistas, em estabelecer neles uma disciplina de ferro, em forjar quadros temperados e provados dirigentes dos partidos.

Cada Partido Comunista não podia resolver separadamente esses problemas. A Internacional Comunista desempenhou um papel decisivo.

“O mérito do Komintern — disse o camarada Zhdanov — consiste em que estabeleceu e reforçou os vínculos entre os trabalhadores dos diversos países, elaborou as questões teóricas do movimento operário nas novas condições do desenvolvimento do após-guerra, estabeleceu normas gerais de propaganda e agitação das ideias do comunismo e facilitou a tarefa de formar líderes do movimento operário. Com isso criaram-se as condições para a transformação dos Partidos Comunistas jovens, em partidos operários de massas”.
Ao assimilar a magnífica experiência do PC(b) da URSS, e acumulando a sua própria experiência, os Partidos Comunistas, obtiveram grandes vitórias. Transformaram-se em partidos operários de massas, forjaram quadros revolucionários, formaram seus líderes,, conquistaram as amplas massas, e, em vários países, são hoje uma grande fôrça política. Os Partidos Comunistas, através, de uma luta infatigável contra o oportunismo, fizeram grandes progressos na bolchevização de suas fileiras.

Um estudo e a assimilação mais perfeitas da experiência do bolchevismo constituem uma condição indispensável para o fortalecimento dos Partidos Comunistas. Sejam quais forem as peculiaridades existentes nos diversos países, os princípios gerais do bolchevismo são obrigatórios para todos eles. O esquecimento ou a ignorância da experiência histórica do PC da URSS conduz, inevitavelmente, a tristes consequências.

Ao acentuar a importância internacional da experiência do bolchevismo Lênin assinalava:

“Não tomar em consideração esta experiência e pretender, ao mesmo tempo, pertencer à Internacional Comunista, que deve elaborar internacionalmente sua tática (não uma tática estreita ou exclusivamente nacional, mas, precisamente uma tática internacional), significa incorrer no mais profundo dos erros e precisamente afastar-se de fato do internacionalismo, ainda que este seja proclamado em palavras”.(9)
A experiência dos bolcheviques na construção de um Partido da classe operária verdadeiramente revolucionário e combativo tem uma enorme importância internacional. Os bolcheviques começaram a preparar esse Partido já nos tempos da velha “Iskra”. Prepararam-no com tenacidade, com firmeza, sem reparar em nada.

“… Jamais na história, teria havido um grupo tão conscientemente preparado para formar um Partido, como o grupo bolchevique”.(10)
Era um grupo preparado no terreno ideológico, teórico, político e organizativo. A unidade interna monolítica de todos os princípios do bolchevismo distingue radicalmente o Partido Bolchevique dos partidos da II Internacional. O camarada Stálin escrevia:

“A unidade dos princípios programáticos, táticos e organizativos é o terreno sobre o qual se constrói nosso Partido”.(11)
As teses de organização formuladas por Lênin no II Congresso do POSDR derivavam dos objetivos revolucionários fundamentais pelos quais lutavam os bolcheviques. Para que precisavam os mencheviques russos e os partidos da II Internacional, de um partido combativo, monolítico e centralizado, se se limitavam a uma atividade parlamentar pacífica? Eles converteram o partido, como assinala o camarada Stálin, “em uma organização desorganizada”, em um amontoado de organizações locais e indivíduos social-democratas. A essas organizações tinham livre acesso todos os simpatizantes.

O Partido Bolchevique, ao contrário, desde os primeiros dias de sua existência, mostrou-se como o partido da luta revolucionaria do proletariado. Só podia lutar com êxito, pela derrubada dos latifundiários e da burguesia, sendo um destacamento único e organizado da classe operária. O camarada Stálin assinala que o partido

“que se propôs dirigir o proletariado na luta não deve representar apenas um aglomerado casual de indivíduos, mas uma organização monolítica e centralizada, a fim de que possa dirigir seu trabalho de acordo com um plano único”.(12)
Os princípios de organização formulados pelos bolcheviques, assestaram um golpe demolidor no caráter amorfo dos partidos da II Internacional, caráter muito vantajoso para seus líderes oportunistas. Por isso, não é por acaso que os oportunistas de todos os países se lançaram contra os princípios de organização do bolchevismo. Lênin e Stálin defenderam esses princípios firme e decididamente, pois se tratava de ser ou não ser o partido revolucionário do proletariado, se tratava da vida ou da morte do Partido.

Lênin e Stálin demonstraram que o Partido deve ser o destacamento avançado, consciente e organizado da classe operária; a base da construção do Partido deve ser constituída pelo principio do centralismo democrático. O Partido é a forma superior de organização do proletariado entre todas as demais organizações da classe operária, é a organização destinada a dirigir as demais organizações. O Partido é a encarnação dos vínculos do destacamento avançado da classe operária com os milhões das massas operárias. O Partido deve fortalecer e multiplicar infatigavelmente seus vínculos com as massas, reforçar incessantemente a unidade de suas fileiras, e a disciplina única do Partido, obrigatória para todos os militantes.

Nos problemas relativos à construção do Partido, os bolcheviques lutaram decididamente em duas frentes: contra a limitação sectária e o encastelamento e contra a falta de forma e a falta de consistência daqueles que vão à retaguarda. O Partido deve ganhar para si, com firmeza, a maioria da classe operária a arrastar consigo milhões de trabalhadores como o ensinam Lênin e Stálin. O Partido morre se se encerra em sua estreita carapaça de Partido, se se afasta das massas, se se cobre com o pó do burocratismo. O Partido é invencível se sabe ligar-se, aproximar-se das mais amplas massas de trabalhadores, em primeiro lugar da massa proletária. Mas isso não significa que se pode confundir o Partido com a classe operária; que se pode apagar todo o limite entre eles.

Os bolcheviques lutaram decididamente contra as tentativas mencheviques de dissolver o Partido em amplas organizações sem partido. Sabe-se que, em 1907, Axelrod e outros mencheviques propuseram convocar o chamado “Congresso operário” no qual participariam os social-democratas e os social-revolucionários e os anarquistas. Este congresso, de acordo com os mencheviques, deveria criar um amplo partido operário pequeno-burguês. “sem partido”. Lênin desmascarou esta tentativa perniciosa de liquidar o partido operário revolucionário e diluir o destacamento avançado da classe operária, na massa pequeno-burguesa. Por proposta de Lênin, o Partido criticou duramente o plano menchevique de convocar o “Congresso Operário”.

Os bolcheviques sempre consideraram que o Partido é a forma superior de organização de classe do proletariado. No período da discussão sobre os sindicatos, em fins de 1920 e começos de 1921, a “oposição operária” quis reduzir a zero o papel do Partido; considerava os sindicatos, e não o Partido, a forma superior de organização da classe operária. Foi o grupo do chamado “centralismo democrático” que quis aplicar essa política de minar o papel dirigente do Partido nos Soviéts e nos Sindicatos. O Partido deu uma resposta contundente a todas essas tentativas. O X Congresso do Partido condenou o desvio anarco-sindicalista dos representantes da “oposição operária” e declarou que as concepções anarcossindicalistas eram incompatíveis com a permanência no Partido.

A experiência demonstrou que o afastamento da doutrina leninista-stalinista do Partido conduz, inevitavelmente, à catástrofe. Sabe-se que os atuais dirigentes do partido comunista da Iugoslávia diluíram o partido nas organizações sem partido, na Frente Popular. Os dirigentes do partido iugoslavo minam o partido da classe operária, como fôrça política independente, destinada a influenciar as amplas massas trabalhadoras.

O camarada Stálin ensina que o Partido deve ser considerado como 

“a forma superior de união de classe do proletariado, chamado a dirigir todas as outras formas das organizações proletárias, desde os sindicatos até à fração parlamentar”.(13)

Esta conclusão tem uma grande importância para a atividade dos comunistas de todos os países. Os Partidos Comunistas de muitos países cresceram bastante, numericamente, nesses últimos tempos. Esta é uma prova brilhante do fortalecimento do comunismo internacional. Mas, possuir um partido grande, de massas, não é suficiente. Para que sejam realmente a forma superior de organização de classe do proletariado, os Partidos Comunistas devem reforçar incansavelmente suas próprias fileiras.

Por isso, são tão atuais as indicações feitas por Lênin e Stálin há muitos anos atrás, sobre esse assunto.

“Nossa tarefa — disse Lênin no II Congresso do POSDR — é cuidar da firmeza, da disciplina e da pureza de nosso Partido. Devemos nos esforçar para elevar mais e mais o título, e a importância de membro do Partido…”(14).
Na obra “A classe dos proletários e o Partido dos proletários”, o camarada Stálin escreve:

“Até hoje o nosso Partido se parecia a uma hospitaleira família patriarcal, disposta a admitir todos os seus simpatizantes. Mas depois que o nosso Partido se transformou em uma organização centralizada, despojou-se de seu caráter patriarcal, tomou por completo o aspecto de uma fortaleza, cujas portas se abrem unicamente para os dignos”.(15)

A condição indispensável para que os comunistas dirijam todas as outras organizações de trabalhadores, é fortalecimento das fileiras do Partido. O trabalho dos Partidos Comunistas nos sindicatos tem uma importância especial.

Na obra “A Doença Infantil do “Esquerdismo” no Comunismo”, Lênin nos dá uma caracterização extraordinariamente profunda de tudo o que há de importante e de obrigatório para todos, na tática dos bolcheviques, com relação aos sindicatos antes e depois da conquista do poder. Os bolcheviques desmascararam resolutamente o “absurdo infantil” da posição dos chamados “comunistas de esquerda” na Alemanha e outros países, pois os “comunistas de esquerda” se negavam a trabalhar nos sindicatos reacionários e conclamavam à criação obrigatória de seus “sindicatos operários” “inteiramente novinhos”, “completamente limpinhos”.

Os sindicatos representaram um avanço gigantesco da classe operária no início do desenvolvimento do capitalismo, como transição da dispersão e impotência dos operários aos princípios da organização de classe. Com o desenvolvimento do capitalismo, os sindicatos, influenciados pelos oportunistas, começam a apresentar inevitavelmente certos traços reacionários, certa limitação corporativa, rotina, inclinação ao apoliticismo, etc.

No Ocidente estes traços reacionários na atividade dos sindicatos se manifestarem com mais fôrça do que na Rússia. Lênin escrevia:
 

“Os mencheviques do Ocidente se “instalaram” mais solidamente nos sindicatos onde surgiu uma camada muito mais forte de “ARISTOCRACIA OPERÁRIA”, profissional, mesquinha, egoísta, desalmada, ávida, pequeno-burguesa; de espírito imperialista, comprada e corrompida pelo imperialismo”.(16)

Por mais difícil que seja a luta contra a cúpula reacionária dos sindicatos, essa luta deve ser levada até a vitória completa. Sair dos sindicatos reacionários significa prestar um enorme serviço à burguesia reacionária e a seus agentes no movimento operário, significa abandonar as grandes massas de trabalhadores à influência desses agentes da burguesia. O camarada Stálin assinalou em 1925 que a tarefa fundamental dos Partidos Comunistas no Ocidente consistia em aproximar-se dos sindicatos. Assinalava ainda que a fôrça da social-democracia no Ocidente consistia em que se apoiava nos sindicatos; a debilidade dos comunistas decorria de que não se haviam aproximado dos sindicatos e alguns elementos do Partido não queriam se aproximar deles. Desde que essas palavras foram pronunciadas, os Partidos Comunistas percorreram um grande caminho. Muitos deles conseguiram grandes êxitos no trabalho sindical. O movimento sindical saiu da segunda guerra mundial fortalecido e renovado. Em vários países os sindicatos renasceram em bases novas, e os Partidos Comunistas se apoiam, em suas atividades, nesses sindicatos renovados. Mas a experiência de trabalho sindical do Partido Bolchevique continua tendo importância para os Partidos Comunistas de outros países.

É preciso lembrar que os bolcheviques sempre lutaram contra a “teoria” menchevique da neutralidade dos sindicatos, os bolcheviques consideravam que a tarefa do Partido como forma superior de organização do proletariado era conquistar a direção ideológica e política nos sindicatos. E a conquistaram. Muitos Partidos Comunistas, particularmente os Partidos Comunistas de países capitalistas tão importantes como a Inglaterra e os Estados Unidos, ainda não resolveram este problema. Nisto consiste uma das causas fundamentais de que os Partidos Comunistas da Inglaterra e dos Estados Unidos da América não sejam ainda partidos de massas. Essa tarefa só pode ser resolvida mediante um trabalho minucioso e tenaz, no seio aos sindicatos. Não se pode exigir dos membros dos sindicatos uma consciência comunista tão elevada como a que se exige aos membros do Partido. Os sindicatos são organizações sem partido; e, em muitos países se encontram nas mãos de lideres burgueses reacionários.

Lênin, em sua obra “A Doença Infantil do “Esquerdismo” no Comunismo”, predizia que os oportunistas

“recorreriam a todos os processos da diplomacia burguesa, à ajuda dos governos burgueses, dos padres, da polícia, dos tribunais, para impedir a entrada aos comunistas nos sindicatos, para expulsá-los daí por todos os meios possíveis, para tornar seu trabalho nos sindicatos o mais desagradável possível, para ofendê-los, insultá-los e persegui-los”(17).
E é assim, precisamente, que agem hoje em dia os dirigentes dos sindicatos britânicos e norte-americanos. Apoiando-se na sua própria experiencia, na experiencia dos Partidos Comunistas de outros países e, perincipalmente na experiência do PC (b), é tarefa dos comunistas conquistar, mediante um trabalho quotidiano e tenaz, as massas de militantes de base dos sindicatos.

                       Sem Teoria Revolucionária Não Pode Haver Movimento Revolucionário

A experiência do Partido Bolchevique demonstra à evidência o papel imenso que a teoria marxista-leninista está destinada a desempenhar na atividade dos partidos operários. A “História do PC (b) da URSS” ensina que

“o partido da classe operária não pode cumprir sua missão de dirigente de sua classe, não pode cumprir sua missão de organizador e dirigente da revolução proletária, se não domina a teoria de vanguarda do movimento operário, se não domina a teoria marxista-leninista”(18).
Lênin e Stálin elaboraram, em todos os seus detalhes, o problema da relação entre a espontaneidade e a consciência no movimento operário. Lênin, pela primeira vez na história do pensamento marxista, pôs a nu, até a raiz, as fontes ideológicas do oportunismo, demonstrando que estas consistem, principalmente, no culto à espontaneidade do movimento operário e na subestimação do papel da consciência socialista. Lênin elevou a grande altura a importância u teoria e fundamentou, genialmente, a tese de que o partido marxista é a união do movimento operário com o socialismo.

O Partido Bolchevique, nasceu acompanhado das palavras de Lênin:

“Sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário”. “Só um partido dirigido por uma teoria de vanguarda pode cumprir a missão de combatente de vanguarda”.
No decurso de toda a sua atividade, o Partido Bolchevique seguiu, invariavelmente estas indicações. Lênin e Stálin ressuscitaram o marxismo revolucionário, enterrado pelos líderes da II Internacional e limparam-no da imundice oportunista que tais líderes lhe introduziram. Lênin e Stálin não só restauraram o marxismo revolucionário, como o desenvolveram ainda mais. O marxismo não é uma compilação de dogmas mortos e inertes, mas uma teoria revolucionária em desenvolvimento, que serve de guia para a ação de milhares de homens.

“Dominar a teoria marxista-leninista — lemos na “História do PC (b) da URSS” — significa saber enriquecer esta teoria com a nova experiência do movimento revolucionário, saber enriquecê-la com novas teses e conclusões, saber desenvolvê-la e impulsioná-la, sem retroceder ante a necessidade de substituir, partindo da essência da teoria, algumas de suas teses e conclusões, já caducas, por outras novas, de acordo com a nova situação histórica”(19).
Foi exatamente assim que agiram os bolcheviques. Lênin e Stálin e seus discípulos são os únicos marxistas que desenvolveram e impulsionaram para a frente, a teoria marxista. Eles enriqueceram o marxismo-leninismo com novas teses, correspondentes à nova época histórica. Isto permitiu ao Partido Bolchevique analisar com acerto cada situação histórica concreta e traçar uma linha justa de atividade prática. A teoria marxista-leninista ajudou os bolcheviques não só a ver como os acontecimentos se processaram no passado, e se desenvolvem no presente como também a ver como esses acontecimentos se desenvolverão no futuro. A teoria marxista-leninista deu e dá ao Partido Bolchevique uma notável fôrça de orientação e previsão. Isto se reflete brilhantemente na “História do PC (b) da URSS”

Quando amadureceu na Rússia a primeira revolução russa, os bolcheviques, baseando-se na teoria marxista-leninista fizeram uma análise acertada do caráter e das fôrças motrizes dessa revolução e assinalaram a tática justa a seguir. As teses bolcheviques de que o proletariado pode e deve ser o dirigente da revolução democrático- burguesa, de que o meio mais certo para a derrubada do tzarismo e a conquista da República democrática, é a vitoriosa insurreição armada do povo, estas teses tiveram como ponto de partida, o novo delineamento do problema da correlação entre a revolução burguesa e a revolução socialista, feito por Lênin em sua genial teoria da transformação da revolução democrático- burguesa em revolução socialista. No período da reação, os mencheviques, que não compreendiam as causas das fôrças motrizes da revolução, decidiram que a revolução já havia chegado ao fim, e a renegaram vergonhosamente. Os bolcheviques, ao contrário, partindo da profunda análise marxista-leninista das causas que provocaram a revolução de 1905, que não haviam desaparecido, chegaram à conclusão de que, nos anos próximos, haveria um novo ascenso revolucionário, começaria uma nova revolução. Os bolcheviques tinham lazão:

“A têmpera ideológica marxista-leninista e sua capacidade para compreender as perspectivas da revolução ajudaram o núcleo fundamental dos bolcheviques, estreitamente agrupados em torno de Lênin, a defender a causa do Partido e seus princípios revolucionários. Não é em vão que dizem que somos firmes como a rocha”, escrevia Lênin. falando dos bolcheviques.(20).
O domínio da teoria marxista-leninista, a capacidade de impulsioná-la para a frente, manifestou-se em toda a atividade posterior do Partido Bolchevique. A derrubada do tzarismo significou uma brusca viragem na ”ida da Rússia e exigiu resposta aos novos problemas colocados pelo desenvolvimento da revolução. “A revolução — diz a “História do PC (b) da URSS” — significa uma mudança grandiosa na vida do país, e o Partido, nas novas condições de luta criadas depois da derrubada do tzarismo, necessitava de uma nova orientação para marchar com passo firme e audaz pelo novo caminho. Foi esta a orientação que as teses de Lênin deram ao Partido”(21).
As teses de abril, de Lênin, são um exemplo clássico do marxismo criador e combativo. “Lembrai-vos de 1917” — disse o camarada Stálin Baseando-se na análise científica do desenvolvimento social da Rússia, na análise científica da situação internacional, Lênin chegou à conclusão de que a única saída possível para a situação era a vitória do socialismo na Rússia. Era uma conclusão mais do que inesperada para muitos homens de ciência daquela época… Contra Lênin uivavam, então, toda espécie de homens de ciência, como contra um homem que destruía a ciência. Mas Lênin não temia marchar contra a corrente, contra a rotina. E Lênin saiu vencedor”(22).

O Partido dos bolcheviques obteve grandes vitórias porque sempre deu muita atenção à elaboração das questões da teoria e elevou continuamente, o nível teórico e ideológico de seus militantes. Fez isto, tanto nos dias do tzarismo, na clandestinidade, como nos dias da Revolução, no período da construção pacífica e nos anos da guerra. Uma das provas mais evidentes do cuidado do Partido pelo nível teórico e ideológico de seus militantes, é a criação pelo camarada Stálin da “História do Partido Comunista (b) da URSS”, enciclopédia dos conhecimentos fundamentais no domínio do marxismo.

A experiência do trabalho ideológico e teórico do PC (b) da URSS serve de exemplo magnifico para todos os Partidos Comunistas. Uma condição indispensável para a bolchevização dos Partidos Comunistas, é a constante elevação do nível teórico e ideológico de suas fileiras. É muito importante ter isto em conta agora, no momento em que os Partidos Comunistas cresceram tanto numericamente, e em alguns países se fundiram com os partidos socialistas. Ao falar das tarefas dos Partidos Comunistas do estrangeiro, diz o camarada Stálin:

“É necessário que o Partido, principalmente seus elementos dirigentes, dominem a fundo a teoria revolucionária do marxismo, indissoluvelmente ligada à prática revolucionária”(23).
Nas vitórias do Partido Bolchevique, desempenharam um grande papel a unidade e a aglutinação de suas fileiras, a disciplina férrea do Partido. Em 1920, Lênin escreveu:

“Certamente tocos já percebem hoje que os bolcheviques não se teriam mantido no poder, não dois anos e meio, mas nem sequer 2 meses e meio, sem a disciplina severíssima, verdadeiramente férrea de nosso Partido, sem o mais completo e abnegado apoio ao Partido por parte da massa dá classe operária, isto é, por tudo quanto ela tem de consciente, honrado, abnegado, influente e capaz de conduzir ou de atrair a si as camadas atrasadas”.(24)
O Partido dos bolcheviques pôde criar em suas fileiras esta disciplina, porque a base da unidade ideológica de seus membros é a atitude consciente dos membros do Partido para com suas obrigações. Ao falar das condições da bolchevização dos Partidos Comunistas, diz o camarada Stálin:

“É necessário que o Partido crie uma disciplina de ferro, nascida à base da unidade ideológica, da clareza sobre as finalidades do movimento, da unidade das ações práticas e a atitude consciente para com as tarefas do Partido por parte de suas amplas massas”.(25)
O Partido Bolchevique baseia toda a sua atividade nos princípios do centralismo democrático, no desenvolvimento de uma ampla democracia de Partido, na crítica e na autocrítica.

A experiência do Partido Bolchevique ensina aos comunistas de todos os países que atitude devem tomar ante seus erros e defeitos.

“Reconhecer abertamente os erros — diz Lênin — descobrir suas causas, analisar a situação que os engendrou e examinar atentamente os meios de corrigi-los: é isto o que caracteriza um partido sério, é nisto que consiste o cumprimento de seus deveres, isto é, educar e instruir a classe primeiro e, depois as massas”.(26)
Esta conclusão de Lênin se baseia na experiência do Partido Bolchevique. A história do Partido Bolchevique ensina que

“o Partido não pode cumprir sua missão de dirigente da classe operária se, perdendo a cabeça com os êxitos, começa a vangloriar-se, se deixa de notar as deficiências em seu trabalho, se teme reconhecer seus erros, se teme corrigi-los no decido tempo, aberta e honradamente”.(27)
O partido que oculta seus erros, que encobre as questões candentes, o partido que não pratica a crítica e a autocrítica se afunda inevitavelmente.

A experiência do Partido Bolchevique ensina que a crítica e autocrítica sempre foram sua poderosa arma. Na “História do PC (b) da URSS” se diz:

“O Partido é invencível se não teme a crítica nem a autocrítica, se não dissimula os erros e as deficiências de seu trabalho, se ensina e educa os quadros com o exemplo dos erros de trabalho do Partido e sabe corrigir tais erros a tempo”.(28)
O Partido dos bolcheviques lutou incansavelmente pela completa unidade política da classe operária.

“Quanto mais amplamente se desenvolve a luta econômica e política dos operários — escreveu Lênin — tanto mais insistentemente sentem a necessidade da união. Sem a unidade da classe operária é impossível o êxito de sua luta”.(29)
Mas a luta dos bolcheviques pela unidade não implica na falta de princípios nem em espirito de conciliação. Os conciliadores no movimento operário da Rússia foram sempre os oportunistas mais inveterados e os traidores. Lênin achava que Trotski era mais vil e nocivo do que os liquidacionistas francos, porque enganava os operários assegurando que permanecia à margem das frações, enquanto que na realidade apoiava incondicionalmente os mencheviques e os liquidacionistas.

Os bolcheviques se mantiveram decididamente contra toda espécie de unidade com os liquidacionistas. Lutaram pela unidade da classe operária sem liquidacionistas e contra eles, achando que a unidade era extremamente desejável, mas que o eram muito mais os princípios do marxismo revolucionário.

“A unidade é uma grande coisa e uma grande palavra de ordem! — escreveu Lênin. Mas a classe operária precisa da unidade dos marxistas e não da unidade dos marxistas com os inimigos e falsificadores do marxismo”.(30)
A cisão dos bolcheviques e os mencheviques do II Congresso e a união com eles no IV e V Congressos, o bloco dos bolcheviques e mencheviques amigos do Partido, nos anos da reação e a ruptura completa com os mencheviques na conferência de Praga, tudo isto são etapas da luta dos bolcheviques pela unidade verdadeiramente marxista da classe operária e de seu Partido.

Os bolcheviques achavam que a unidade do Partido não podia ser criada por meio de acordos entre grupos políticos heterogêneos.

“A Unidade — escrevia Lênin — é preciso conquistá-la e somente próprios operários, os operários mais conscientes estão em condições de consegui-la com um trabalho tenaz e persistente”.(31)
E a classe operária da Rússia, sob a direção e os bolcheviques conquistou esta unidade, conquistou-a por meio de uma luta decidida contra todos os grupos e tendências hostis, por meio do seu isolamento. Os bolcheviques não esconderam as divergências e deixaram claro quais eram as suas raízes e a sua significação. Os bolcheviques forjaram uma unidade monolítica da classe operária e de seu Partido, uma unidade erguida sobre a firme base ideológica do marxismo.

Apoiando-se na experiência dos bolcheviques, os partidos comunistas de vários países conquistaram nos últimos tempos sérios êxitos na luta pela unidade política da classe operária. Na România, na Hungria, na Tcheco-Eslováquia e na Bulgária, já foram criados partidos únicos da classe operária. Na Polônia se está em vias de criar um partido semelhante. A formação destes partidos é resultado da, tática de princípio dos comunistas, resultado da luta decisiva contra os socialistas de direita e o seu isolamento, resultado das ações conjuntas de comunistas e socialistas. A unidade da classe operária não foi fruto de acordos sem princípios entre diferentes grupos e tendências, mas resultado da luta das mais amplas massas classe operária, sob a direção dos comunistas por um partido único da classe operária, capaz de impulsionar tais países para o socialismo.

A base ideológica do partido operário único é a teoria revolucionária do marxismo-leninismo. Os comunistas opuseram uma resistência decidida às tentativas de fazer a unidade com prejuízo coe princípios do marxismo-leninismo. Na Polônia e em outros países havia os que falavam da necessidade da “penetração recíproca” das concepções comunistas e socialistas, da “síntese” de ambas as concepções, do “revisionismo” recíproco quanto a atividade passada de ambos os partidos. Falava-se da anistia recíproca em relação aos erros passados. Se a entendemos assim, a unidade não pode ser colida. A verdadeira unidade exige dos socialistas a rutura completa c0m o seu passado oportunista, o reconhecimento integral e a realização incondicional de todas as teses programáticas, táticas e de organização do marxismo-leninismo.

                                                   O Partido e a Luta Contra os Desvios

A experiência do Partido Bolchevique demonstra que o Partido revolucionário do proletariado, se quer conquistar a vitória, deve lutar incansavelmente contra todos os desvios da teoria revolucionária do marxismo-leninismo, lutar contra o oportunismo. O Partido bolchevique, partido de novo tipo cresceu, se fortaleceu e se temperou nas lutas contra o oportunismo.

Na “História do PC (b) da URSS” se diz:

“A história do Partido nos ensina, além do mais, que é impossível a vitória da revolução proletária sem o esmagamento dos partidos pequeno burgueses que atuam dentro das fileiras da classe operária e empurram as camadas mais atrasadas desta para os braços da burguesia, enfraquecendo com isto a unidade da classe operária”.(32)
O Partido Bolchevique travou uma luta incansável contra os oportunistas de toda espécie e contra os que desejavam a conciliação com eles. Por isto precisamente foi capaz de conquistar a ditadura do proletariado e obter a vitória do socialismo. A luta em duas frentes: contra o oportunismo de direita e contra o de “esquerda”, que se encobre com uma fraseologia pseudorrevolucionária foi uma lei de desenvolvimento de nosso Partido. Esta luta é também lei de desenvolvimento dos demais Partidos Comunistas. Em 1925, numa carta a Mert, dizia o camarada Stálin, referindo-se ao Partido Comunista da Alemanha:

“O Partido Comunista (b) da Rússia se desenvolveu sempre por contradições, quer dizer, fortaleceu-se na luta, forjando verdadeiros quadros. Ao Partido Comunista da Alemanha está destinado o mesmo caminho de desenvolvimento por meio de contradições, por meio de uma luta verdadeira, séria e prolongada contra as tendências não comunistas, particularmente contra as tradições dos social-democratas, as tradições dos partidários de Brandler e outras”.(33)
Baseando-se na experiência do PC (b) o camarada Stálin chamava os Partidos Comunistas de todos os países a travar uma luta decidida e irreconciliável contra os vestígios social-democratas, contra o oportunismo. Em julho de 1924, o camarada Stálin interveio na Comissão Polonesa da Internacional Comunista para desmascarar a luta contra o oportunismo pelo chamado método suavizado. O camarada Stálin disse então que este era o próprio método com o qual a social-democracia alemã “lutava” contra o oportunismo e que deu como resultado, no final de contas, a vitória do oportunismo,

“O PC (b) da Rússia — acentuava o camarada Stálin — luta contra o oportunismo empregando o método provado do isolamento decidido dos líderes oportunistas. E conseguiu que vencesse o marxismo revolucionário, com o que o Partido adquiriu uma solidez excepcional”.
“Penso que as lições do PC(b) da Rússia devem ser instrutivas nara nós. O método de luta recomendado por Kostrzhvaia é um ranço do oportunismo social-democrata. Este método está impregnado do perigo de cisão do Partido”.(34)
O camarada Stálin explicou que a luta contra o oportunismo não pode ser reduzida a medidas de organização. Toda a experiência do Partido Bolchevique demonstra que contra o oportunismo deve ser desfechada antes de tudo a luta ideológica. Quando Trotski empreendeu um de seus ataques ao Partido Bolchevique, o camarada Stálin traçou antes de mais nada a tarefa de enterrar o trotskismo como corrente ideológica. A derrota ideológica do trotiskismo foi uma condição necessária para a luta triunfal pela vitória do socialismo na URSS. Só depois do trotskismo ter sido desmascarado definitivamente como tendência ideológica e ter sido completamente isolado, é que o Partido liquidou-o do ponto de vista orgânico

O camarada Stálin escrevia:

“Para desautorizar Trotski e seus partidários, nós, bolcheviques russos, desfechamos uma campanha intensiva de esclarecimento de nossos princípios, em defesa dos fundamentos do bolchevismo e contra os fundamentos do trotskismo,» ainda que, a julgar pela fôrça e o peso específico do CC do PC (b) da Rússia teríamos podido passar sem essa campanha. Foi necessária aquela campanha? Indiscutivelmente o foi, pois nela educamos no espírito do bolchevismo a centenas de milhares de novos membros do Partido (e a muitos que não o eram)”.(35)
A luta em duas frentes — contra os oportunistas de direita e os de “esquerda” — não significava, entretanto, que em caca momento dado ambas as formas representavam o mesmo perigo para o Partido. Na “História do Partido Comunista (b) da URSS” se demonstra que o Partido concentrava todo o seu fogo em cada etapa contra o principal perigo oportunista. Ali também se nos rebela que a diferença entre os oportunistas da direita e os de “esquerda” é puramente formal e no fundo não existe. Os “otsovistas” eram os liquidacionistas virados pelo avesso. Os trotskistas e os zinovievistas encobriam com berrantes frases “esquerdistas” sua natureza capitulacionista; o grupo de Bukarin e Rykov já não podia mascarar sua essência capitulacionista e defendia abertamente as fôrças reacionárias do país, antes de tudo os kulaks.

Os Partidos Comunistas dos países estrangeiros seguiram a experiência do Partido Bolchevique na luta contra o oportunismo e lograram êxitos consideráveis na aglutinação e reforçamento de suas fileiras. Mas a luta contra o oportunismo se coloca também hoje ante os Partidos Comunistas dos países estrangeiros como uma tarefa de combate atual. O proletariado não está separado por uma barreira das demais classes.

As suas fileiras afluem sem cessar elementos saídos dos meios pequeno-burgueses, que trazem consigo o espírito da vacilação e da insegurança o espírito do oportunismo. No estado maior de combate, na fortaleza do proletariado, no Partido, penetram traidores e capitulacionistas É sabido que as fortalezas são tomadas com mais facilidade de dentro. O oportunismo de direita e o de “esquerda” continuam representando um sério perigo para os Partidos Comunistas do estrangeiro, pois continuam existindo as raízes de classe, as raízes sociais do oportunismo. Os Partidos Comunistas dos países estrangeiros atuam em meio a uma encarniçada luta de classes que não pode deixar de refletir-se no interior dos mesmos.

Isto se refere não somente aos Partidos Comunistas dos países capitalistas, mas também aos dos países de democracia popular. A luta de classes nestes países toma formas particulares, que se distinguem da luta de classes nos países capitalistas. Mas isto não quer dizer que não exista. Mais ainda: a luta de classes nos países da nova democracia torna-se mais intensa, pois tais países dão sérios passos para o socialismo. Em tais circunstâncias intensifica-se a atividade dos elementos oportunistas no seio dos próprios Partidos Comunistas.

O Partido Bolchevique se tornou forte porque depurou suas fileiras de elementos oportunistas. Livrar-se infatigavelmente dos elementos oportunistas, lutar continuamente contra todas as tendências e grupos hostis e no processo desta luta, forjar a unidade monolítica de suas fileiras: tal é a conclusão que se extrai da experiência histórica do Partido Bolchevique.

A experiência co Partido Bolchevique ensina que a educação dos quadros dirigentes e dos líderes dos Partidos Comunistas é uma tarefa importante. Ao organizar o Partido, Lênin reuniu antes de tudo seu núcleo fundamental, formado de dirigentes, de revolucionários profissionais que não tinham outra ocupação que o trabalho do Partido e que possuíam o mínimo indispensável de conhecimentos teóricos, e e experiência política e de hábito de organização. Em torno do núcleo de revolucionários profissionais e evem agrupar-se quadros mais amplos do Partido. Lênin e Stálin, em todas as etapas do desenvolvimento do PC (b) se apoiavam neste forte núcleo bolchevique. Depois da morte de Lênin, em torno de Stálin e na luta contra os grupos antileninistas inimigos, se formou o núcleo dirigente do Partido Bolchevique, que defendeu a grande bandeira de Lênin, agrupou o Partido em torno de seus legados e levou o povo soviético à vitória do socialismo.

Na base da experiência do Partido Bolchevique, sob a direção da Internacional Comunista, os Partidos Comunistas forjaram seus quadros revolucionários. Dizia o camarada Stálin:

“É necessário que o Partido saiba escolher para seu grupo revolucionário fundamental os melhores elementos entre os combatentes de vanguarda, bastante fiéis para serem os verdadeiros representantes das aspirações do proletariado revolucionário e bastante experimentados para serem os verdadeiros chefes da revolução proletária, capazes de aplicar a tática e a estratégia do leninismo”.(36)
A experiência do Partido Bolchevique demonstra a grande importância que tem o fato de que os dirigentes do Partido sejam de procedência operária. Em 1905, no II Congresso do POSDR, Lênin já dizia que incluir os operários nos comitês do Partido era uma importante tarefa política.

“Os operários — dizia Lênin — têm instinto de classe e com um pouco de prática se tornam rapidamente firmes social-democratas”.(37)
Por proposta de Lênin, o III Congresso do Partido deu às organizações do Partido a indicação de cuidar de

“destacar da massa operária o maior número possível de operários capazes em dirigir o movimento e as organizações locais como membros dos centros locais e do centro de todo o Partido”
Baseando-se na experiência do PC(b), o camarada Stálin ensina a promover audazmente os elementos operários para os postos de direção do Partido. O camarada Stálin repelia energicamente as elucubrações, segundo as quais, os novos líderes dos Partidos Comunistas procedentes da classe operária não saberiam cumprir suas tarefas por falta de conhecimentos teóricos e de experiência do trabalho do Partido:

“Penso — dizia o camarada Stálin — que esta circunstância não pode ter uma importância decisiva. Na vida do PC(b) houve casos em que à frente das organizações provinciais se encontravam operários com insuficiente preparação teórica e política. Entretanto, estes operários mostraram-se melhores líderes que muitos intelectuais, privados do necessário instinto revolucionário. É bem possível que a princípio as coisas não marchem de todo bem com os novos líderes, mas isto não é naca fatal; enquanto dão um ou dois tropeções aprendem a dirigir o movimento revolucionário. Os líderes nunca caem do céu já feitos. Desenvolvem-se no processo da luta”.(38)

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Notas de rodapé:
(1) J. Stálin — “História do PC (b) da URSS”, pág. 141, Edições Horizonte, 1946, Rio. (retornar ao texto)
(2) Idem, idem. (retornar ao texto)
(3) Idem, pág. 57. (retornar ao texto)
(4) Idem, págs. 57-58. (retornar ao texto)
(5) V. I. Lênin — “Obras Escolhidas”, tomo II, pág. 719, edição espanhola de 1948. (retornar ao texto)
(6) V. I. Lênin — “A Doença Infantil do “Esquerdismo” no Comunismo”, pág. 6, Ed. Vitória, 1946, Rio. (retornar ao texto)
(7) J. Stálin — “Cuestiones del Leninismo”, pág. 132, Ediciones en lenguas Extranjeras, 1941, Moscou. (retornar ao texto)
(8) J. Stálin — Obras, tomo VI, pág. 292, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)
(9) V. I. Lênin — “Obras Escolhidas”, tomo II, págs. 753-754, edição espanhola de 1943. (retornar ao texto)
(10) J. Stálin — “História do PC (b) da URSS”, Ed. Horizonte, 1946, Rio. (retornar ao texto)
(11) J. Stálin — Obras, tomo I, pág. 64, Ed. russa, Moscou (retornar ao texto)
(12) Idem, idem. (retornar ao texto)
(13) J. Stálin — Obras, tomo VII, pág. 38, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)
(14) V. I. Lênin — Obras, tomo VI, pág. 459, 4.a ed. russa, Moscou. (retornar ao texto)
(15) J. Stálin — Obras, tomo I, pág. 67, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)
(16) V. I. Lênin — “A Doença Infantil do “Esquerdismo” no Comunismo”, pág. 49. Ed. Vitória, 1946, Rio. (retornar ao texto)
(17) V. I. Lênin — “A Doença Infantil do “Esquerdismo” no Comunismo”, pág. 53, Ed. Vitória, 1946, Rio. (retornar ao texto)
(18) J. Stálin — “História do PC (b) da URSS”, pág. 141, Ed. Horizonte, Rio. (retornar ao texto)
(19) Idem, pág. 142. (retornar ao texto)
(20) Idem, pág. 59. (retornar ao texto)
(21) Idem, pág. 75. (retornar ao texto)
(22) V. I. Lênin — “Obras Escogidas”, vol. I, págs. 47-48, Editorial Problemas, 1946, B. Aires. (retornar ao texto)
(23) J. Stálin — Obras, Tomo VII, pág. 38, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)
(24) V. Lênin — “A Doença Infantil do “Esquerdismo” no Comunismo”, pág. 9, Ed. Vitória, 1946, Rio. (retornar ao texto)
(25) J. Stálin — Obras, Tomo VII, pág. 40, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)
(26) V. I. Lênin — Obras Escogidas, tomo II, pág. 751, edição espanhola, 1948. (retornar ao texto)
(27) J. Stálin — “História do PC (b) da URSS”, pág. 144, Ed. Horizonte, Rio. (retornar ao texto)
(28) Idem, idem. (retornar ao texto)
(29) V. I. Lênin — Obras, tomo XIX, pág. 89, 4.a edição russa,Moscou. (retornar ao texto)
(30) V. I. Lênin — Obras, tomo XII, pág. 303, ed. russa, Moscou. (retornar ao texto)
(31) Idem, tomo XVII, pág. 408. (retornar ao texto)
(32) J. Stálin —História do PC (b) da URSS, pág. 143, Ed. Horizonte, Rio. (retornar ao texto)
(33) J. Stálin — Obras, tomo 7, págs. 45-46, Edição russa, Moscou. (retornar ao texto)
(34) J. Stálin — Obras, tomo VI, pág. 269, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)
(35) Idem — Tomo VII, pág. 45. (retornar ao texto)
(36) J. Stálin — Obras, tomo 7, págs. 39-40, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)
(37) V. I. Lênin — Obras, tomo 8, pág. 376, 4.a edição russa, Moscou. (retornar ao texto)
(38) J. Stálin — Obras, tomo 6, págs. 271-272, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)