Quando o sol bateu em meu rosto
ouvi distante a melodia do Muezim.
A imensidão da luz
ofuscou as palavras.

Levantei-me e caminhei
por entre os sons.

Nos meus ombros
a armadura liberta
o som metálico.

Concentro-me
no movimento dos passos

Caio
e levanto-me
ungido em óleo e fumaça
cercado por anciãos paralisados
que num ático
desmancham-se em areia.

A imensidão da luz
traz um branco cintilante
onde não há deus nem diabo.

Publicado em "Estações e Elementos" – Crônicas e Poesias – 1992-2000
São Paulo: Satélite Esporte Clube, 2000.