Nas máquinas, o silêncio.
Nas mãos, o silêncio.

Sem boca,
de talos cruzados sobre peitos
cálidos de vapores,
brota uma flor suspensa
no rubro cair da tarde,
na grave greve dos braços.

As máquinas param.
As mãos param.
Todas as mãos.

– Não por trinta dinheiros.
Não por cinco desejos.

No crepúsculo de um céu auriverde,
nas tardes tropicais de um fumante país,
no caos de um ar pesteado de pesticidas e prostitutas,
germina um berne, um molusco,
que germina e germina e germina,
e, por sob as pisadas mágicas de um povo,
um dia há de brotar
e se espalhar.