– Argemiro, aonde cê vai, homem?

      – Na oficina.

      – A essa hora?

      – O cara fecha tarde.

       – Fazer o quê?

      – Hoje eu descubro onde está internado Cabo Jorge.

      – A oficina fica aonde?

       – Santa Cecília, Lolinha. Por quê?

      – Então o homem na Santa Casa.

       – Ele tem convênio. Ia fazer o quê num hospital público?

      – Santa Casa não é bem um hospital público. E lá tem o setor de convênio.

      – Você é uma gênia Lolinha!

      – Sou nada. Só penso antes de fazer.

      – Tá me chamando de quê, Lolinha?

      – De estabanado. Sossega. Amanhã cê vai lá.

      – É, possa ser.

      – Vem comer enquanto tá quente.

      – Então bóra.

      Enquanto mastiga a carne com arroz e feijão, Argemiro calcula o impacto de sua chegada no hospital e a cara do velho cabo de polícia:

      – Eita, mundo réio! Que vai ser bonito!