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    Brasil, o Dutra, o pavoroso peru das terras quentes, engordado pelos amargos ramos do ar venenoso: sapo dos negros lameiros de nossa lua americana: botões dourados, olhinhos de rato cinzento arroxeado: Oh, Senhor, dos intestinos de nossa pobre mãe faminta, de tanto sonho e resplandecentes libertadores, de tanto suor sobre os buracos da mina, de […]

    POR: Redação

    1 min de leitura

    Brasil, o Dutra, o pavoroso
    peru das terras quentes,
    engordado pelos amargos
    ramos do ar venenoso:
    sapo dos negros lameiros
    de nossa lua americana:
    botões dourados, olhinhos
    de rato cinzento arroxeado:
    Oh, Senhor, dos intestinos
    de nossa pobre mãe faminta,
    de tanto sonho e resplandecentes
    libertadores, de tanto
    suor sobre os buracos
    da mina, de tanta e tanta
    solidão pelas plantações,
    América, ergues subitamente
    a tua claridade planetária
    um Dutra arrancado ao fundo
    de teus répteis, de tua surda
    profundidade e pré-história.

    E assim foi!
    Pedreiros
    do Brasil, golpeai a fronteira,
    pescadores, chorai de noite
    sobre as águas litorâneas,
    enquanto Dutra, com seus pequenos
    olhos de porco do mato,
    quebra a imprensa de machadinha,
    queima os livros na praça,
    encarcera, persegue e fustiga
    até que o silêncio se faz
    em nossa noite tenebrosa.

     

    Canto Geral
    Pablo Neruda
    Tradução de Paulo Mendes Campos
    Revista por Maria José de Queiroz
    Difel/Difusão Editorial S/A – edição 1979

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