A esta hora da vida,
procurar, procurar…
Mas onde te encontrar?
No mar?
No luar?
Num bar?
Numa avenida? Numa festa?
Numa regata? Numa passeata?
No deserto ou
no meio da multidão?
Em Vênus
ou, mais distante, em Plutão?

Atônito, místico,
disco um número,
mas uma voz metálica
responde:
– Este número não existe…
Por que te desencontras de mim
oh! diamante meu!?
Por que te afastas, te ocultas
do teu pertinaz garimpeiro?

Procurar, procurar…
No vazio, procurar.
Nas missas, nos cultos,
untado de álcool,
pelos bares, procurar…

Nas cordilheiras, nos desfiladeiros,
procurar.
Um determinado grão de areia
no deserto,
procurar.
Nas constelações,
uma estrela singular
procurar.

Com a fé dos monges tibetanos,
procurar.
Com a esperança de quem
corre os dedos
na lista dos sobreviventes,
procurar.
No túnel do tempo,
procurar.

Nas estações, nos portos,
nos aeroportos,
nesses santuários
de se partir e se chegar,
de se despedir e se encontrar,
procurar.
Sem nenhum mapa,
nenhum retrato falado,
sem nenhuma pista,
procurar, procurar…

 

Verbos do Amor & outros versos
Goiânia – 1997

Adalberto Monteiro, Jornalista e poeta. É da direção nacional do PCdoB. Presidente da Fundação Maurício Grabois. Editor da Revista Princípios. Publicou três livros de poemas: Os Sonhos e os Séculos(1991); Os Verbos do Amor &outros versos(1997) e As delícias do amargo & uma homenagem(2007).