Princípios: O esporte como impulsionador de políticas públicas
No primeiro artigo, o ministro do Esporte, Orlando Silva, analisa a longa marcha para fazer do esporte um dos direitos indispensáveis à cidadania e à construção harmônica e saudável da sociedade. “O esporte é definido pela nossa Constituição, no artigo 217, como um direito social”, escreve o ministro. Segundo Orlando Silva, ele propicia interações, é parte integrante da identidade nacional de povos e contribui para o entrelaçamento entre as nações. Além de abordar estes aspectos, Orlando Silva discorre sobre as dimensões e os eixos de sua gestão no governo Lula. Diante dos preparativos para a Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil, duas grandes conquistas para as quais deu grande contribuição, o ministro vislumbra o fortalecimento da atividade esportiva no país. E faz uma aposta: o Brasil, em curto tempo, poderá figurar no cenário esportivo internacional entre os dez principais países do mundo.
No artigo seguinte, Danilo Santos e Miranda, diretor do SESC/SP e especialista em ação cultural, analisa o esporte como lazer e desenvolvimento humano. Para ele, o tempo livre do trabalhador é fruto de históricas jornadas sociais. “A atualidade da era pós-industrial tem vários significados — que estão evidentes em todas as áreas de expressão humana”, escreve ele. Ao longo dos século, diz Danilo, diferentes concepções e práticas regeram o tempo livre do trabalhador. E analisa criticamente as teorias sobre o lazer e sua realidade na sociedade capitalista contemporânea. Danilo também denuncia o adverso cenário das grandes cidades nas quais “a exclusão e a desigualdade” fundiária dificultam ou dedam o lazer às populações pobres devido à falta de infra-estrutura e aos distanciamento dos serviços como bibliotecas e centros de lazer e cultura.
Em outro artigo, Ricardo Leyser Gonçalves, secretário nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Faz uma “leitura dos impactos sócio-econômicos dos jogos olímpicos e sua contribuição ao Brasil”. Ele indica subsídios para a discussão sobre os ganhos proporcionados pelos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos nos países que os organizam. “O orçamento dos Jogos Olímpicos Rio 2016 previsto no dossiê de candidatura é de R$ 14,4 bilhões nominais (R$ 28,8 bilhões), subdividido entre as operações dos jogos, US$ 2,8 bilhões (R$ 5,6 bilhões); e os investimentos não operacionais, em infra-estrutura, serviços e ações governamentais e da iniciativa privada, US$ 11,6 bilhões (R$ 23,2 bilhões)”, escreve.
O “I Simpósio de Estudos sobre Futebol” é retratado por Ana Paula Bueno, colaboradora de Princípios. Ela escreve que o evento passou em revista a produção acadêmica sobre o assunto. “Realizado pelo Museu do Futebol em parceria com os departamentos de História da PUC-SP, o ‘I Simpósio de Estudos sobre Futebol’ representou uma iniciativa pioneira”, relata. “O caráter inédito do evento ficou patente não apenas nos trabalhos apresentados, mas também no fato de serem todos os pesquisadores, antes de tudo, torcedores apaixonados pelo futebol”, detalha.
O deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) analisa a trajetória do futebol no Brasil em entrevista ao jornalista e editor do Portal da Fundação Maurício Grabois, Osvaldo Bertolino. “Creio que o futebol estava predestinado a ser o esporte de massa no Brasil”, diz ele. Para Aldo Rebelo, a histórica relação distante entre a intelectualidade e a popularidade do futebol no Brasil se deve ao distanciamento da profusão cultural brasileira. “Talvez não tenham convivido com os modernistas em São Paulo. Se tivessem compreendido a antropofagia talvez percebessem que, embora trazido ao Brasil por estudantes da elite, por estudantes da aristocracia, era facilmente percebido pelo povo como uma coisa dele”, afirma.
No artigo “O esporte e homem”, o escritor, jornalista e historiador Orlando Duarte escreve que é inegável que o futebol, disputado em 208 países, tem um destaque especial para a história dos esportes. “O esporte sempre acompanhou o homem. A necessidade fez com que ele praticasse natação, arco e flecha, muitas lutas, e outros”, escreve ele. Orlando Silva diz também que o Brasil é — para alegria nossa — uma força mundial respeitada no futebol. “A Copa do Mundo, criada em 1930 pela Fifa, portanto há 80 anos, tem sido a maneira de medir a capacidade técnica de cada país. O Brasil, com cinco títulos mundiais, presente em todas as disputas, tem impressionado pelo número de grandes craques revelados”, destaca.
Osvaldo Bertolino também escreve um resumo da vida de João Saldanha — jornalista, militante comunista, técnico e dirigente futebolístico. “O Brasil começa a resgatar e a estudar os fenômenos sociais que cercam o futebol. Tema de controvertidas análises, seja nos bares da vida ou na academia, essa modalidade esportiva desperta paixões que transitam entre a irracionalidade e racionalidade. Seja como for, é um fenômeno cultural da maior relevância para o povo brasileiro. Além da arte, o futebol legou verdadeiros gênios que participaram da sua história fora das quatro linhas do gramado. Um deles é o jornalista João Saldanha”, escreve. Saldanha chegou ao posto mais alto do futebol brasileiro em fevereiro de 1969, quando assumiu o cargo de técnico da seleção. Dirigiu o time brilhantemente em pleno governo do presidente Emílio Garrastazu Médici, o general que comandou o período mais violento da ditadura imposta pelo golpe de 1964, relata.
A revista aborda também outros temas, como a arte abstrata — assunto comentado pela artista plástica Edíria Carneiro. “Os estilos viajam de um lugar a outro. Aqui no Brasil tivemos o estilo barroco, principalmente nas igrejas de Minas e da Bahia”, diz ela. Segundo a autora, toda arte é condicionada pelo seu tempo. “Os muçulmanos do século VII ao XII estavam proibidos de pintar ou esculpir a figura humana. (…) No Ocidente, a mais completa expressão clássica da teoria da arte abstrata encontra-se em Platão, no seu diálogo com Sócrates. Dizia Sócrates: ‘Não entendo por beleza a beleza de criaturas ou quadros vivos, mas as linhas retas e curvas e as superfícies e formas sólidas por elas compostas, com a ajuda de réguas e esquadros’”, comenta.
Os 25 anos de atuação legal do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) também são comentados na revista, em artigo do jornalista e editor do jornal Classe Operária José Carlos Ruy e do secretário de Organização do Partido, Walter Sorrentino. “A posse do comunista Aldo Rebelo na presidência da República, em 12 de novembro de 2006, para substituir o presidente Lula (que fora à Venezuela) e o vice José Alencar (que estava em licença médica) foi um acontecimento histórico de alto simbolismo. A interinidade foi curta: durou 30 horas, entre a noite daquele domingo e a noite do dia seguinte, 13 de novembro. Mas foi indicativa de duas mudanças importantes ocorridas no Brasil desde o final da ditadura militar: a maturidade da democracia brasileira, acentuada após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da República, em 2002, e o fortalecimento do Partido Comunista do Brasil desde sua legalização, em 1985”, escrevem.
Há ainda entrevistas sobre o papel da conferências da ONU com José Miguez, coordenador-geral de Mudanças Globais de Clima do Ministério da Ciência e Tecnologia, e com o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, sobre a história da estatal no desenvolvimento do Brasil, ambas realizadas pela jornalista Carolina Ruy. No penúltimo artigo, Aldo Arantes, membro da Comissão Política do PCdoB e secretário nacional de Meio Ambiente do Partido e da Fundação Maurício Grabois, analisa “os países capitalistas e o fracasso da Conferência de Copenhague”. Encerrando a edição, Ricardo Alemão Abreu, diretor do Cebrapaz e secretário de Relações Internacionais do PCdoB, e Rubens Diniz, diretor do Cebrapaz e membro da Comissão de Relações Internacionais do Partido, analisam o acordo de Teerã e suas implicações na política internacional.