Krugman afirmou também que o risco de “um efeito de dominó da Grécia, através da Espanha e de Portugal, até à Itália, é muito maior, se o Banco Central Europeu tiver um presidente tão conservador como Weber”.

“À frente do Banco Central Europeu não deve estar nenhum falcão da política monetária”, afirmou o Prêmio Nobel da Economia 2008, na edição de hoje do jornal alemão de economia Handelsblatt.

Krugman defendeu ainda que os países da zona euro devem contrair mais dívida, “para evitar um regresso à recessão”, em vez de optarem pela atual política de contenção orçamental.

O economista fez também votos para que, após o fim do mandato de Jean-Claude Trichet na presidência do BCE, em Outubro de 2011, esta instituição passe a ser dirigida por um presidente “que dê mais importância aos riscos da deflação e ao risco de uma longa estagnação”.

Meta da inflação devia subir

Na opinião do economista norte-americano, Axel Weber (que tem sido referido pelos observadores políticos como principal candidato à sucessão de Trichet) “não é a pessoa adequada, porque se preocupa com uma inflação que nem sequer existe”.

Krugman advogou que as metas da inflação na zona euro sejam “claramente mais elevadas” do que os dois por cento recomendados no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), propondo que possam atingir três a quatro por cento.

Além disso, as economias europeias “devem acertar o passo”, propôs Krugman, considerando que a condição prévia essencial é passarem a ter uma política fiscal comum.

“O mundo não precisa de menos, mas sim de mais programa de apoio à conjuntura, e a política de estabilidade alemã atualmente é o caminho errado”, advertiu o economista norte-americano.

“Deflação é um perigo muito maior do que a inflação”

“Só quando a armadilha da depressão estiver afastada é que os governos devem ocupar-se dos déficits”, disse Krugman, sublinhando que “a deflação é um perigo muito maior do que a inflação”.

O professor da Universidade de Princeton não exclui também sanções contra a Alemanha, se o Governo de Angela Merkel “continuar a tentar tirar vantagem” do euro fraco para aumentar as exportações.

“Se o euro passar a ter paridade com o dólar, os europeus vão ficar admirados com as exigências que o Congresso dos EUA fará, e eu apoiarei”, vaticinou Krugman.

“Não permitiremos que alguns países exportem a sua política de austeridade e façam aumentar o desemprego nos Estados Unidos”, concluiu.

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Com agências