Neste sentido, o estudo revela uma pesquisa de 2006 que estabelecia que as mulheres representassem menos de 20% das pessoas citadas nos artigos, ao tempo que assinalava que a imagem delas era "padronizada e desvalorizada". Em outros lugares a situação é mais dramática, ressalta a organização defensora da liberdade de imprensa, que indica que as mulheres são "alvo preferido" de ataques, violências e encarceramentos ligados a sua profissão de jornalistas.

Neste sentido, o relatório denuncia os "grandes riscos" que comporta em alguns países para os jornalistas interessar-se pelos problemas das mulheres e a violência que sofrem fruto das tradições. Em outros países, como o Afeganistão, "a segregação das mulheres jornalistas vai em paralelo com a das mulheres em geral", que "não encontram um lugar" na sociedade.

O estudo também revela alguns casos de jornalistas que, graças a sua implicação, conseguiram avanços na situação da mulher, em algumas ocasiões a custo de sua própria liberdade. Em outros casos, segundo o relatório, a condição de mulher facilita o trabalho de alguns jornalistas, como relata a cubana Magali Norvis Otero Suárez, que afirma que "não batem nas mulheres nas manifestações quando vão cobri-las".

O estudo também presta homenagem às "mulheres de jornalistas e defensores dos direitos humanos assassinados ou presos" que "em algumas ocasiões se casaram com um homem e com sua causa". Como exemplo, cita às "Damas de Branco" de Cuba, o coletivo de mães e esposas de dissidentes presos desde 2003 que se reúnem todo domingo para reivindicar sua libertação. Todos estes casos obrigam muitos jornalistas a exilar-se de seus países, como revela que entre 10% e 15% das ajudas emitidas pelo RSF para litigantes de asilo procedem de mulheres, a maior parte delas iranianas.

A organização recomenda que se iniciem programas específicos de proteção de mulheres jornalistas e que reforce a cooperação entre organizações defensoras dos direitos das mulheres e da liberdade de expressão. Além disso, pede a criação de "Casas de Mulheres Jornalistas", que se apoie na criação de organismos de formação para elas com associações para reagrupar as reporteres.

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Com agências