Vai ver nos livramos de nós mesmos,
aguardando na fila pra tirar cópias de títulos
aduzidos pela ciente estrada,
documentos supondo identidades, abolições.
Apreciando nas vitrines o começo dos arremedos.
Buscando coisas e mais coisas…
Obedecendo aos transtornos urbanos
e às placas explicando desculpas ao cidadão.
E, desastradamente, mantendo distantes dos nossos sentidos
a beleza que urgencia o olfato, o toque,
o olhar e o silêncio dito das flores do campo.
Há raios por toda parte deste inverno
e dores de ouvido suportando os gritos do mundo.
Daria meu reino inconsistente de pedrarias, conquistas calculáveis
e avesso de indagações, os ensaios tolos das prioridades
por uma pétala que tenho sequer.
Menos a poesia, mãe que destina e comanda
meu gesto crédulo de aceitar o ingovernável.

Marta Eugênia é Especialista em Linguística e Professora de Língua Portuguesa na cidade de Arapiraca em Alagoas. http://eugenico.blogspot.com/