O PCB e a democratização do país com Getúlio Vargas em 1945
Os comunistas enfrentavam uma batalha dura para impedir que o projeto de uma Assembléia Nacional Constituinte para redemocratizar o país naufragasse. Enquanto Prestes percorria o Rio Grande Sul e Minas Gerais, comícios de todos os tipos eram realizados pelo país afora.
No Rio de Janeiro, a direção nacional do PCB jogou pesado para realizar um “comício monstro” como demonstração de que o povo apoiava a proposta. Maurício Grabois foi o principal orador. Diógenes Arruda Câmara estava em Pernambuco, divulgando a campanha da Constituinte e preparando a realização de um grande comício que seria realizado dia 26 de novembro de 1945 no Parque Treze de Maio, no Recife.
No comício de Belo Horizonte, Luis Carlos Prestes fez severa crítica ao decreto do presidente Getúlio Vargas que determinava a outorga de cartas constitucionais nos Estado para regulamentar as “eleições gerais” de 2 de dezembro de 1945.
O discurso do presidente de 4 de outubro, defendendo a convocação da Assembléia Nacional Constituinte para consolidar a democracia, estava em desacordo com o decreto. O PCB estava perto de conquistar o registro no Tribunal Superior Eleitoral, mas a vigência da Constituição de 1937 era uma ameaça que a qualquer momento poderia bater à sua porta.
A continuidade de Vargas na Presidência da República até o término da Assembléia Constituinte, como defendia o movimento “queremista”, poderia ser uma garantia de que a velha Carta Magna não seria invocada para sufocar a democratização.
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As vacilações de Vargas preocupavam o PCB. Em Juiz de Fora Prestes voltou a falar do decreto e demorou-se na contestação ao que chamou de “golpes salvadores”. “Apoiaremos o governo contra a desordem”, proclamou. Tomasse cuidado a militância para evitar pretextos.
No jornal dos comunistas Tribuna Popular, Maurício Grabois chegou a dizer que o Partido Comunista do Brasil não vacilaria em desmascarar os fomentadores de desordens e greves, que procuravam iludir as massas tentando “arrastar a mocidade das escolas para uma greve sem objetivo a fim de entravar a marcha para a democracia no país”.
Mas, na falta de pretextos, os golpistas foram buscar argumentos fora das fronteiras brasileiras. Vargas, à semelhança do que fizera Juan Domingos Perón, na Argentina, estaria aglutinando apoio dos trabalhadores, com a ajuda dos comunistas, para se manter no poder.
Com esse e outros argumentos que tinham a consistência de uma bolha de sabão, os candidatos à sucessão, brigadeiro Eduardo Gomes — pela União Democrática Nacional (UDN) — e o general Eurico Gaspar Dutra — pelo Partido Social Democrático (PSD) —, convenceram seus sequazes militares e depor o presidente no dia 29 de outubro de 1945.