Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    Maria Prestes lança “Meu companheiro” e visita PCdoB

    Ainda falta muito para o Brasil resgatar a verdade e a memória da sua história. Mas com o trabalho de formiguinha, como gosta de dizer dona Maria Prestes, viúva do líder revolucionário Luis Carlos Prestes, aos poucos detalhes até agora pouco conhecidos dos brasileiros começam a vir à luz. A rigor, dona Maria Prestes faz […]

    Ainda falta muito para o Brasil resgatar a verdade e a memória da sua história. Mas com o trabalho de formiguinha, como gosta de dizer dona Maria Prestes, viúva do líder revolucionário Luis Carlos Prestes, aos poucos detalhes até agora pouco conhecidos dos brasileiros começam a vir à luz. A rigor, dona Maria Prestes faz muito mais do que trabalho de formiguinha.

    Com seu livro de memórias Meu companheiro ela percorre o país promovendo lançamentos, fazendo palestras e gravando depoimentos. Já esteve na Colômbia e planeja correr alguns países vizinhos para divulgar a mais recente edição — a terceira —, publicada, em um mesmo livro, em português e espanhol. Outra novidade da obra é a apresentação da presidenta da República, Dilma Rousseff.

    No lançamento ocorrido na “Livraria da Villa” no Shopping Higienópolis em São Paulo em 20 de agosto de 2012, dona Maria Prestes falou do sucesso da publicação. Segundo ela, em diferentes localidades do país o livro tem sido recebido com entusiasmo. De leitura agradável, cada episódio revela, além do valor da figura histórica de Luis Carlos Prestes, o vigor de uma mulher que se entregou à causa do socialismo e viveu a felicidade de passar boa parte da vida ao lado de um dos mais destacados ícones do comunismo no Brasil.

    Para o leitor é um deleite saber como uma família numerosa — Prestes e Maria tiveram sete filhos e, quando se uniram, ela já era mãe de dois do primeiro casamento e Prestes pai de Anita, fruto do seu relacionamento com Olga Benário — se esquivava das perseguições e lutava pela sobrevivência, ao mesmo tempo em que o patriarca ocupava, por um largo tempo, o posto mais elevado da organização comunista no Brasil.

    Ao comentar esses fatos, Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois e secretário de Formação do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), afirmou que Prestes, além de ser um brasileiro de muitos serviços prestados aos trabalhadores e à nação, foi uma liderança que se espalhou pelo mundo e deitou raízes sobretudo na América Latina. Daí a ideia da edição bilíngue.

    Luis Carlos, filho de dona Maria e Prestes, comentou o sucesso do lançamento do livro no Rio de Janeiro, no Palácio da Cidade, com a presença do prefeito Eduardo Paes. Segundo ele, o evento foi memorável porque o lançamento foi na cidade em que Prestes passou boa parte da sua vida e desenvolveu suas atividades políticas. Luis Carlos informou que na próxima quarta-feira o livro será lançado na embaixada da Colômbia, em Brasília, com a presença de outros embaixadores, e em seguida haverá uma extensa agenda de lançamentos pelo Brasil e em alguns países vizinhos.

    História “humana” de Prestes

    Augusto Buonicore, historiador e secretário-geral da Fundação Maurício Grabois, fez uma breve intervenção, ressaltando a importância desta edição bilíngue e o fato de Dilma Rousseff ter feito o prefácio, algo inconcebível há não muito tempo na história do Brasil. Para ele, as palavras da presidenta da República sobre o principal comunista brasileiro do século XX são uma novidade e mostram que o Brasil mudou significativamente. Segundo Buonicore, outro aspecto importante do livro é o seu lado crítico, uma obra que valoriza as experiências vividas pelos comunistas brasileiros e não faz apologia de Prestes como um mito infalível e intocável.

    Dona Maria Prestes autografa livro para Nádia Campeão, presidenta do PCdoB-SP Foto: Fabi Datovo

    Mostra-o como homem, cidadão, com grandes virtudes, mas também defeitos e dúvidas, afirmou. Buonicore destacou também que o livro mostra o “Cavaleiro da Esperança” como um pai preocupado com os filhos e a vida da sua companheira, dona Maria, que cedo se engajou na luta pelo socialismo. Segundo ele, o livro não se destina somente a intelectuais — deve ser lido pelo povo, pela juventude, para que possam tomar conhecimento da vida dos personagens da história narrada.

    Dona Maria Prestes disse que ao conceber o livro se preocupou em se dedicar mais à história “humana” de Prestes. Segundo ela, quando conheceu o “Cavaleiro da Esperança” ele era uma pessoa tímida, reservada, resultado dos nove anos que passou na prisão, que conheceu a filha, Anita, quando ela já tinha 9 anos. Dona Maria recordou a vigilância severa que exercia sobre as moradias por onde passaram para evitar que a repressão pusesse as mãos em Prestes. Foram dez anos de clandestinidade absoluta na cidade São Paulo, mudando de residência sempre que surgia a mais leve suspeita, lembrou. Dona Maria falou também rapidamente da estada da família em Moscou, na antiga União Soviética, os melhores anos de sua vida, segundo ela.

    Augusto Buonicore, Armênio Guedes e Adalberto Monteiro Foto: Fabi Datovo

    Durante o evento, para surpresa de dona Maria, chegou o histórico ex-dirigente comunista Armênio Guedes, que aos 94 anos foi prestigiar o lançamento do livro. Há 30 anos não se viam. Armênio foi saudado de maneira “carinhosa e afetuosa” pelo presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, para quem ele é um lutador do povo brasileiro com uma folha de serviços prestados à causa dos trabalhadores e do socialismo no país. Luis Carlos Prestes Filho disse que o nome de Armênio é uma lenda, não só para o movimento comunista.

    Transcendência da figura de Prestes

    No dia seguinte, dona Maria e os dois filhos compareceram à sede nacional do PCdoB, onde foram recebidos pelo presidente Renato Rabelo e pelos membros do Comitê Central Ronald Freitas, Vital Nolasco, Walter Sorrentino e Adalberto Monteiro. Renato Rabelo comentou a transcendência da figura de Prestes para a América Latina e o mundo, ressaltando que ele é a liderança comunista brasileira mais conhecida na região. Luis Carlos Prestes Filho informou que, por meio dos centros culturais que promovem as relações do Brasil com outros países, estão sendo encaminhados lançamentos do livro na América Latina.

    Renato Rabelo, Ronald Freitas, Osvaldo Bertolino, Adalberto Monteiro, Luiz Carlos Prestes Filho, Mariana Ribeiro Prestes e Maria Prestes Foto: Fernando Garcia

    O presidente do PCdoB sugeriu o lançamento também no âmbito do Foro de São Paulo e do periódico encontro internacional de partidos comunistas, uma forma de divulgar a obra para a esquerda de fora do Brasil. Outra possibilidade de lançamento no exterior, sugerida por Walter Sorrentino, seria em Portugal, por intermédio do Partido Comunista Português (PCP). Após o encontro com os dirigentes do PCdoB, dona Maria concedeu uma longa entrevista aos historiadores Augusto Buonicore e Fernando Garcia e ao jornalista Osvaldo Bertolino, depoimento que comporá o acervo do Centro de Documentação e Memória (CDM) da Fundação Maurício Grabois.

    Dona Maria em entrevista a Augusto Buonicore, Fernando Garcia e Osvaldo Bertolino Foto: Fernando Garcia

    Notícias Relacionadas