De acordo com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a infra-estrutura rodoviária nos Estados Unidos "está em pandarecos", mas nem o governo federal, nem os estados norte-americanos dispõem de um sistema de financiamento público de longo prazo.

"Hoje o risco é alto no setor privado, pois a alavancagem excedeu os limites e há um processo inverso. A ausência de bancos públicos dificulta a recuperação da economia", destacou Coutinho.

Segundo ele, o gasto público não é o instrumento anti-cíclico adequado para o longo prazo. "O novo governo da Inglaterra, que é conservador, pretende criar um banco de desenvolvimento público. Nos EUA também isso está sendo discutido", acrescentou, durante homenagem prestada pelo banco, em parceria com o Centro Internacional Celso Furtado, à economista Maria da Conceição Tavares, que completou 80 anos.

Para Coutinho, o Brasil sempre teve uma economia muito vulnerável a crises cambiais e que o recurso ao endividamento externo era contrapartida disso. "Temos sido incapazes de transformar poupança em financiamento de longo prazo", criticou, observando que, nas crises do capitalismo, o crédito privado para longo prazo se retrai.

Já Conceição criticou a esquerda que, segundo ela, "acha que não precisa estudar o setor financeiro". Para Conceição, "nem o socialismo sobrevive sem moeda e crédito".

Segundo a professora, a despeito das iniciativas prometidas pelo governo, será difícil, na atual conjuntura, promover o desenvolvimento financeiro privado de longo prazo. "Mesmo nos bons tempos ele sempre esteve a reboque do setor público. O velho BNDES continua fundamental, assim como a Caixa para o crédito habitacional", frisou.

______________________________________________________________________

Fonte: Monitor Mercantil