Rapariga

 

 

Cresce comigo o boi com que me vão trocar

Amarraram-me às costas a tábua Eylekessa

 

Filha de Tembo

Organizo o milho

 

Trago nas pernas as pulseiras pesadas

Dos dias que passaram…

 

Sou do clã do boi

 

Dos meus ancestrais ficou-me a paciência

O sono profundo do deserto,

 

A falta de limite…

 

Da mistura do boi e da árvore

a efervescência

o desejo

a intranquilidade

a proximidade

do mar

 

Filha de Huco

Com a sua primeira esposa

Uma vaca sagrada

 

concedeu-me

 

o favor das suas tetas úberes.

 

 

Paulo Tavares – Amargos Como os Frutos (poesia reunida)