O mesmo tema é abordado pelo presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), no artigo seguinte. Ele ressalta que as propostas enviadas pelo Partido para compor o Programa de governo de Dilma Rousseff defende o conceito de desenvolvimento com distribuição de renda como uma ideia central da plataforma política da candidata. “É um conceito que em seu bojo inclui categorias de grande importância histórica para os comunistas brasileiros: desenvolvimento que compreende de forma articulada com as questões sociais e a democrática", diz ele. As contribuições do PCdoB estão publicadas na íntegra.

No artigo seguinte, o presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Eduardo Dutra, escreve sobre o caráter históricos dessas eleições. “Toda eleição presidencial coloca em jogo o futuro do país, é sempre uma disputa de projetos”, diz ele, para discorrer sobre a história das eleições no Brasil. Para ele é importante desenvolver uma campanha limpa e propositiva, que desmascare o dissimulado discurso da direita neoliberal e que esclareça ao eleitorado a essência do confronto de outubro: avanço versus retrocesso.

Os movimentos sindical e sociais também comparecem nesta edição de Princípios. O primeiro é abordado por João Batista Lemos, secretário nacional Sindical do PCdoB, que comenta o significado histórico da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), realizada dia 1º de junho no estádio Pacaembu, na cidade de São Paulo. “A unidade na ação concreta em defesa da classe trabalhadora rendeu bons resultados, entre eles a valorização do salário mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda, o aumento real das aposentadorias, a aprovação por unanimidade da PEC da redução da jornada sem redução de salários por uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados e a legalização das centrais”, escreve ele.

Já o papel dos movimentos sociais é o tema do artigo de Lúcia Stumpf, secretária nacional da Comissão de Movimentos Sociais (CMS) do PCdoB. Para ela, as eleições explicitam a disputa entre dois projetos antagônicos e os movimentos sociais têm a responsabilidade de apresentar um projeto nacional de desenvolvimento democrático e popular. Assim, afirma que “Abre-se a oportunidade da defesa de propostas mais ousadas, capazes de alterar a qualidade do desenvolvimento em curso, gerando melhorias diretas na vida do povo e na estrutura social do país”. Lúcia destaca, também, a importância do Projeto Brasil, aprovado na Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, em 31 de maio, construído com as 28 entidades integrantes da CMS.

Da mesma forma, o tema energia é aborda dentro da perspectiva de desenvolvimento do país. Haroldo Lima — diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) — e José Cesário Cecchi — superintendente de comercialização e movimentação de petróleo, seus derivados e gás natural da ANP — cometam a defesa do petróleo como elemento-chave por meio da regulação do setor. Os autores resgatam as origens da palavra de ordem "O Petróleo é Nosso" — que abriu caminho entre todas as barragens e emergiu como um grande movimento popular em defesa da soberania nacional — para concluir que ela mantém o mesmo significado.

Outros assunto abordado por Princípios é a crise econômica global. Maryse Farhi — pesquisadora do Centro de Conjuntura e Política Econômica (Cecon/IE/Unicamp) — e Marcos Antonio Macedo Cintra — diretor-adjunto de Estudos em Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) — comentam os dilemas impostos pela crise, com destaque para a fórmula para regular o sistema financeiro. Para ele, conter os limites dos abusos não apagaria culpas do espírito dos pecadores, mas é uma das condições prementes para se evitar novas manipulações propulsoras de crises. É um tema que ultrapassa fronteiras e acende calorosos debates.

O assunto também é tema do artigo do economista e professor J. Carlos de Assis. Analisando as perspectivas do capitalismo mundial no pós-crise, ele constata que a crise impossibilita o retorno da economia ao seu rito regular como no passado. Apesar dos trilhões de dólares gastos, segundo o autor, os indícios pessimistas fomentam as preocupações em todo o mundo. O risco de um novo agravamento é alto. A tormenta tem provocando asfixia mundial de crédito e dissolução do sistema bancário, lembra ele.

Princípos traz ainda artigo do historiador Eugênio Rezende de Carvalho, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), sobre o bicentenário das independências hispano-americanas. Para ele, a celebração do bicentenário marca um “longo e complexo processo de construção das nações hispano-americanas”, pois as lutas por essas independências foram mais complexas do que um único e fundamental antagonismo entre “americanos” e “espanhóis”. Havia também uma luta de classes étnico-social entre “americanos”. 

Ronaldo Carmona, membro da Comissão de Relações Internacionais do PCdoB, comenta os desafios e dilemas na política externa brasileira que levaram a um aumento do protagonismo internacional do Brasil. Para o autor a projeção brasileira deriva de uma postura independente e autônoma do governo Lula, de uma presença internacional e da busca de conformar um pólo sul-americano.

Eloi Ferreira de Araújo, ministro-chefe da Secretaria de Políticas de promoção da igualdade Racial da Presidência da República, e Edson França, coordenador-geral da Unegro e membro do Comitê Central do PCdoB, escrevem sobre o Estatuto da Igualdade Racial. Para o ministro a regulamentação da nova lei poderá promover mudanças substanciais a toda a sociedade brasileira. Já Edson França destaca que o Estatuto “inaugura um novo paradigma de enfrentamento ao racismo no Brasil”, derrotando definitivamente o mito da democracia racial.

Encerrando a edição temos a primeira parte de uma análise da China contemporânea por Amaury Porto de Oliveira, professor e embaixador aposentado, e, também, temos  uma resenha sobre o livro "Nietzsche, o rebelde aristocrata: biografia intelectual e balanço crítico", de Domenico Losurso, com uma interessante análise dos discursos e das contradições filosóficas nietzschianas.