Amanhã na vastidão da avenida,

No mar de gente,

Em vez de cavaleiro,

Serei teu mastro andante.

Haverá muitas outras,

Mas o meu coração vibrante

Fará de meus braços um galho gigante

E neles hasteada irás bailar

Bem ao alto

Face a face com o vento.

Haverá outras, bonitas e dignas,

Mas serás amanhã na festa,

Como foste na guerra, a mais honrada,

A mais brava, a mais bela.

Haverá outras de cor vermelha

Mas o teu vermelho é mais rubro,

Pois vem da aurora

Vem do ferro incandescente

Açoitado na bigorna,

Vem da faísca que incendeia o canavial,

Vem dos cravos e das rosas.

Vem das faces jovens e rosadas,

Vem do vinho tinto tenro da Serra,

Vem do tenro sangue dos heróis

Vem dos encarnados lábios

Que se beijam

Vem da cor do fértil chão brasileiro

Vem do fogo que cose e aquece

Vem das brasas que cospe a espingarda guerrilheira.

Quando faz frio, aqueces

Os que não têm algodão,

Quando a noite prolonga-se como em Plutão,

Surges das entranhas da treva

E disparas canhões de luz.

É verdade, há outras de cores diversas

E delas não nego a formosura.

Mas nenhuma outra tem ao centro

O símbolo dos trabalhadores,

Dos construtores do país e do porvir.

Nenhuma outra tem ao centro

Bordado com fios de ouro

O inquebrantável elo

Da foice e do martelo.