Os adolescentes tiveram uma tarde fora da sala de aula, porém, cheia de aprendizado na prática. Eles puderam conversar com Adalberto sobre literatura e poesia, e na companha de Dona Glorinha do Coco, descobriram a magia do coco de roda. Trata-se do projeto Outras Palavras, fruto da parceria entre a Secult-PE e a Fundarpe. 

Adalberto Monteiro compartilhou sua experiência como jornalista, poeta, escritor e militante com os jovens que estavam ávidos para tirar dúvidas e amenizar as “aflições literárias”. Logo que começou a falar sobre sua obra, ouviu-se sussurros da jovem plateia, eles “denunciavam” a presença de um colega que se arrisca no mundo dos versos: “vai Álvaro, vai Álvaro”. 

Meio tímido, mas corajoso, Álvaro se apresentou e falou sobre sua percepção enquanto jovem poeta. Em seguida, foi presenteado por Adalberto com seu último lançamento, Pé de Ferro, que ele autografou “de poeta para poeta”. 

 

Adalberto Monteiro / Foto: Jan Ribeiro-Secult-PE

“Antes de qualquer coisa sou piauiense, nascido e criado em Goiás e agora moro em São Paulo. Sou também um militante político (ao dizer isso, um grito de “gostei disso” saiu da plateia). O que quero dizer é que sou meio dividido, apesar de toda minha história e meu trabalho estarem intrinsecamente ligados. Quando recebi esse convite, por exemplo, eu decidi que iria deixar o poeta encarnar”, explicou Adalberto. 

Porém, a turma não quis saber só de literatura e poesia, também questionaram sobre o cenário político e a vida militante de Adalberto, que ao final do evento foi “cercado” pelos que ainda tinham dúvidas. 

“Toda essa reflexão está inserida também nos meus livros de poesia. Você verá alguns que falam diretamente da questão do povo brasileiro. Vivemos um ciclo de avanços de 2003 a 2015, que foram interrompidos pela deposição de uma liderança eleita pelo povo, a Dilma Rousseff. Mas hoje, depois da onda de retrocessos, percebo que o povo brasileiro retoma a esperança. Dizem que os poetas são cegos e que enxergam na escuridão. Talvez seja isso. Mas acredito sim que há uma resistência popular que está crescendo aos poucos, e que em breve encontraremos o caminho”, afirmou Adalberto. 

Depois do encontro literário, os estudantes mergulharam no coco de roda com a mestre no assunto, Dona Glorinha. Ela é um dos principais nomes da cultura popular pernambucana. Habilitada a receber o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, Glorinha recebeu, em 2017, o 2º Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia na categoria Mestra – premiação que veio celebrar seus 84 anos dedicados ao coco praieiro do Amaro Branco, uma tradição herdada de sua mãe, Dona Maria Belém. 

 

Dona Glorinha dividiu o “palco” com os estudantes que se animaram a entrar na apresentação / Foto: Fundarpe

O mediador da atividade, Marcos Henrique, foi quem explicou aos alunos sobre as várias vertentes do coco. “Dona Glorinha é um dos principais nomes daquele que é feito em Amaro Branco, em Olinda, mais praieiro. Mas também temos Beth de Oxum, também de Olinda, responsável pelo Coco de Umbigada, no Guadalupe, e outras referências como Zé Negão, de Camaragibe, que conquistou recentemente a 3ª edição do Prêmio Ariano Suassuna, além do Samba do Véio, de Petrolina, e do Coco Raízes de Arcoverde”. 

Passada a “teoria” ninguém ficou parado assim que soaram as primeiras batidas da alfaia. Todos, sem exceção, se deixaram contagiar pela energia da música e rapidamente entraram no ritmo. 

Do Portal Vermelho, com Secretaria da Cultura de Pernambuco